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terça-feira, 17 de abril de 2012

ESPECIALISTAS EM SUSTENTABILIDADE COBRAM MAIS PARTICIPAÇÃO SOCIAL E CIENTÍFICA

Especialistas em sustentabilidade reunidos na segunda-feira (16), em São Paulo, cobraram uma maior participação da sociedade e da ciência na construção dos debates da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20). O seminário, organizado pelo Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam), foi marcado por críticas à agenda programada para a conferência, principalmente no que diz respeito ao “viés empresarial” do evento.

 

“O que nós percebemos é que há uma posição fechada de governos, do setor econômico e de entidades não governamentais mais chapa branca, em uma posição de manutenção do status quo”, apontou Carlos Bocuhy, membro do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) e presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam).

 

“A ciência não é ouvida em relação aos ecossistemas, ou seja, há uma grande interrogação nesse processo [da Rio+20]. A gente corre o risco que a conferência seja apenas mais um momento para pintar o que nós já temos aí de verde e não de, realmente, proporcionar para a sociedade planetária um salto de qualidade na gestão do planeta”, completou Bocuhy.

 

Iara Noveli, professora livre docente em oceanografia biológica da Universidade de São Paulo (USP), contestou a pequena participação, segundo ela, de grupos tradicionais (como os ligados à agricultura familiar) que encontraram soluções simples para os problemas relacionados à sustentabilidade. “[Não estão sendo ouvidos] os grupos sociais que vêm batalhando e saem das crises com ideias bem boladas, grupos da agricultura familiar, grupos de pouquíssimos recursos, com ideias muito interessantes”, exemplificou.

 

A Rio+20 reunirá representantes de cerca de 200 países no Rio de Janeiro, de 13 a 22 de junho, com o objetivo de discutir a economia verde e a criação de uma instituição internacional voltada para o desenvolvimento sustentável ou o fortalecimento das estruturas já existentes. Até o momento, cerca de 100 chefes de Estado e de governo confirmaram participação.

 

Felicidade na agenda

 

Entidades da sociedade civil internacionais e brasileiras estão se mobilizando para inserir o tema felicidade na agenda de debates da Rio+20. Essa inserção, entretanto, tem um propósito específico, segundo afirmou o criador do movimento não governamental "Mais Feliz", Mauro Motoryn. “Mais do que a medição de um índice, [queremos] é o estabelecimento de políticas públicas baseadas na felicidade do cidadão”, explicou.

 

O tema será abordado pelo Senado, no dia 26 de abril, em audiência pública a ser realizada pela Subcomissão Permanente de Acompanhamento da Rio+20 e do Regime Internacional sobre Mudanças Climáticas, que integra a Comissão de Relações Exteriores. Participarão do evento o Movimento Mais Feliz, a Fundação Getúlio Vargas e representantes de entidades da sociedade civil envolvidas com a Rio+20.

 

A proposta de transformação da felicidade em política pública está tramitando no Congresso Nacional por meio da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 19/2010, cujo relator é o senador Cristovam Buarque (PDT-DF). Mauro Motoryn acredita que a PEC irá a plenário até o início de junho.

 

“A PEC tem plenas condições de ser aprovada. No começo, todo mundo questionava [o debate sobre] a felicidade, mas hoje é uma questão de editorial na mídia mundial, [que está] nas articulações dos grandes pensadores da economia comportamental e em instituições de Harvard e na Fundação Getulio Vargas”, projetou o criador da ONG.

 

De fato, o tema felicidade ganha cada vez mais espaço nas pautas de vários países do mundo. O primeiro Relatório Mundial sobre Felicidade, divulgado este mês pela Organização das Nações Unidas (ONU), apontou a Dinamarca como o país onde os cidadãos se sentem mais felizes com a sua vida. Em seguida, vem a Finlândia. O Brasil aparece na 25ª colocação, entre 156 nações.

 

Mauro Motoryn explicou que o relatório privilegia os fatores sociais, nos quais o Brasil ainda apresenta “falhas gritantes”, a exemplo dos baixos índices em educação e saúde. “A gente não pode confundir um país alegre com um país feliz do ponto de vista daquilo que recebe do Estado. Ou seja, nós temos deficiências graves na área da educação, de saúde, e isso influi decisivamente na colocação que ocupamos [no relatório]”.

 

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