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terça-feira, 17 de abril de 2012

ESPECIALISTA PROJETA CRESCIMENTO DO MERCADO DE CARBONO

Consultor acredita que o preço do crédito não deverá cair abaixo do patamar atual de 10 euros por tonelada de carbono

 

Depois de um período de incertezas, a tendência é que o mercado de carbono cresça e se consolide nos próximos anos. A avaliação é do consultor de Mudanças Climáticas da MGM, Stefan David. “Havia um grande desconforto de não se saber o que aconteceria em Copenhague (onde se realizou a 15ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre o Clima), e um desconforto global por achar que os Estados Unidos não iriam se comprometer com nenhum tipo de compromisso, ou a China ficaria de fora também e o Brasil assumiria uma meta voluntária”, afirmou David, em entrevista à Agência Brasil.

 

Apesar de apostar no crescimento das negociações envolvendo créditos de carbono, David observou que ainda não é possível definir exatamente qual será o valor das reduções de gases estufa no mercado mundial. “A questão é como vai atuar a oferta e a demanda e isso vai impactar nos preços.” Entretanto, o consultor acredita que o preço do crédito não deverá cair abaixo do patamar atual de 10 euros por tonelada de carbono.

 

Ele ressaltou que o mercado de carbono sofre transformações constantes que tornam as regras para aprovação dos projetos cada vez mais rigorosas. “O espírito do sistema é a busca de melhoria contínua”, enfatizou.

 

Segundo o consultor, esse aperfeiçoamento contínuo é que possibilita a diferenciação de um projeto com validade ambiental para uma ação que deveria ser corriqueira naquela atividade. “Quando você quer desenvolver uma atividade que vai reduzir as emissões de gases do efeito estufa e no seu setor todo mundo já está fazendo aquilo que você quer fazer, não está trazendo nada de inovador e não está contribuindo para reduzir as emissões. O sistema entende que se você não fizer essa atividade mais moderna que todo mundo está implantando você vai desaparecer do mercado”, explicou.

 

Essas mudanças constantes, no entanto, também fazem com que exista alto risco de que os projetos não consigam certificação da Organização das Nações Unidas (ONU) para captar recursos. David citou o fato de que das cerca 300 metodologias apresentadas no órgão para medir a quantidade de carbono evitado, menos de 150 foram aprovadas.

 

Críticas

 

Mas o mercado de carbono também é visto com ressalvas por alguns dos mais respeitados especialistas em desenvolvimento sustentável. Para o economista Jeffrey Sachs, por exemplo, pensar em alternativas ao uso do carvão e em energia nuclear é mais importante que a atual ênfase dada aos créditos de CO2.

 

“Economistas falam muitas vezes como se o estabelecimento de um preço para as emissões de carbono (via permissões negociáveis ou um imposto sobre o carbono) fosse suficiente para cumprir as reduções necessárias dessas emissões. Isso não é verdade. Um sistema de créditos pode influenciar marginalmente as escolhas entre usinas de carvão e gás ou provocar um pouco mais de adoção de energia solar ou eólica, mas não levará a uma revisão necessária e fundamental dos sistemas de energia”, criticou.

 

Na opinião do economista franco-polonês Ignacy Sachs, o mercado de carbono também está longe de ser uma boa alternativa para a sustentabilidade do planeta. “Créditos de carbono são como indulgências que os papas vendiam na Idade Média, em que se podia assassinar um parente se tivesse o necessário para pagar uma indulgência. O Brasil não pode deixar de entrar nesse jogo, mas as soluções também têm que ser buscadas fora do mercado de carbono”, defendeu, em visita recente ao país.

 

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Fonte: Portal EcoD. http://www.ecodesenvolvimento.org.br/noticias/especialista-projeta-crescimento-do-mercado-de#ixzz1sKfBM06X

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