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terça-feira, 26 de abril de 2011

DESCOBERTA POR ACASO PODE REVOLUCIONAR PRODUÇÃO DE HIDROGÊNIO

sulfeto de molibdênio é um catalisador muito eficiente para a eletrólise da água - com a vantagem de que esse material é abundante e muito barato. [Imagem: EPFL/Alain Herzog]

A teoria do hidrogênio

Não é sem razão que o hidrogênio é apontado como o combustível do futuro: ao gerar energia em células a combustível, ele só produz água como resíduo.

E, largamente disponível na Terra, a água é formada por hidrogênio e oxigênio - basta quebrar a molécula de H2O para obter o hidrogênio. E isso pode até mesmo ser feito usando a energia solar.

Mas isto é só na teoria. O fato é que, no presente, ainda não existe uma forma de produzir hidrogênio de forma sustentável e a custos competitivos.

Assim, o hidrogênio usado industrialmente continua sendo produzido a partir do gás natural - o primo do petróleo - e os carros a hidrogênio não são mais do que "garotos-propaganda" de uma indústria que quer se tornar verde, mas ainda não consegue.

Eletrólise da água

As moléculas de água podem ser quebradas fazendo com que sejam atravessadas por uma forte corrente elétrica, um processo conhecido como eletrólise.

Esta, contudo, é uma reação lenta. Para otimizá-la é necessário usar um catalisador, a platina - um metal particularmente caro, cujo preço triplicou nos últimos 10 anos.

Mas o acaso reservava uma grata surpresa para o professor Xiel Hu e sua equipe do Instituto Politécnico Federal de Lausanne, na Suíça.

Eles estavam fazendo um experimento eletroquímico quando descobriram uma altíssima produção de hidrogênio na presença de um composto de sulfeto de molibdênio.

Analisando o ocorrido, eles descobriram que o sulfeto de molibdênio é um catalisador muito eficiente para a eletrólise da água - com a vantagem de que esse material é abundante e muito barato.

E o custo não é a única vantagem do novo catalisador. O sulfeto de molibdênio mostrou-se estável, sem sofrer degradação muito forte, e compatível com meios ácidos, neutros e básicos.

Falta a teoria

"Graças a esse resultado inesperado, nós descobrimos um fenômeno único," conta Hu. "Mas não ainda não sabemos exatamente por que esses catalisadores são tão eficientes."

A próxima etapa da pesquisa é criar um protótipo funcional que possa ser utilizado na produção de hidrogênio a partir da luz do Sol.

Os cientistas afirmam que será necessário também compreender o funcionamento do novo catalisador, a fim de se tentar otimizar ainda mais seu rendimento.

Bibliografia:

Amorphous Molybdenum Sulfide Films as Catalysts for Electrochemical Hydrogen Production in Water

Daniel Merki, Stéphane Fierro, Heron Vrubel, Xile Hu

Chemical Science - April 2011 - Vol.: Advance Article - DOI: 10.1039/C1SC00117E

Fonte: Redação do Site Inovação Tecnológica - 21/04/2011

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Processo de produção de biodiesel por rota supercrítica

De acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), biodiesel é um combustível composto de alquilésteres de ácidos graxos de cadeia longa, derivados de óleos vegetais ou de gorduras animais, atendendo as especificações da resolução ANP Nº 7 de 19/03/2008. O processo de obtenção do combustível, no entanto, não é definido pelaANP.

 

Atualmente, o biodiesel é misturado, na proporção de 5% a todo o óleo diesel comercializado no país. O comércio de biodiesel é controlado pela ANP por meio da realização de leilões. Com o último leilão de biodiesel realizado em 2010, o volume do combustível vendido ao longo do ano foi superior a 2 bilhões de litros.

 

biodiesel possui grande importância estratégica, econômica, ambiental e social. Diminui a demanda pelo diesel de origem fóssil e, portanto, a dependência externa desse derivado de petróleo; é vantajoso ambientalmente devido à diminuição da emissão dos gases do efeito estufa, quando se considera todo o ciclo de produção e uso do biodiesel e do diesel; e aumenta as possibilidades de geração de emprego e renda em todas as regiões brasileiras, favorecendo a desconcentração urbana e industrial e ampliando as oportunidades para desenvolvimento regional e da agricultura familiar.

 

Diante dessa importância e considerando que o percentual do biodiesel na mistura com diesel poderá passar, em curto tempo, a 7% e posteriormente a 10%, novos processos são frequentemente propostos para obtenção desse biocombustível. As pesquisas crescem velozmente na busca por novos catalisadores, novas rotas e novas fontes de oleaginosas, considerando o teor de ácidos graxos nas matérias-primas, a eficiência na extração e as possibilidades de regionalização da produção.

 

O método de transesterificação utilizado para produção comercial de biodiesel faz uso de um catalisador alcalino, que pode ser hidróxido de potássio ou hidróxido de sódio. As etapas de purificação dos produtos finais (biodiesel e glicerina) nesse processo exigem a recuperação do catalisador e a remoção dos produtos de saponificação que são gerados no meio. A separação dos produtos de saponificação é tanto mais difícil quanto maior for a quantidade de catalisador necessária para neutralizar os ácidos graxos livres presentes nos óleos vegetais. Outro inconveniente da transesterificação catalisada por bases é a intolerância à água no meio reagente. O efeito negativo ocorre porque a água consome o catalisador diminuindo sua eficiência no processo.

 

Pesquisas têm sido desenvolvidas na produção de biodiesel por rota supercrítica. A condição de fluido supercrítico é alcançada quando a temperatura e pressão do sistema reacional estão acima do ponto crítico dos componentes. A temperatura crítica é definida como a mais alta temperatura na qual um gás pode ser convertido em líquido com o aumento da pressão. E a pressão crítica é a mais alta pressão em que um líquido pode ser convertido em gás, por meio do aumento da temperatura. Entre as aplicações de um fluido supercrítico está a utilização como meio de reação, onde o fluido pode tanto participar ativamente da reação, quanto apenas promover a solubilização dos componentes do sistema, levando todos a uma condição de fase homogênea. A utilização de um fluido supercrítico como meio de reação incrementa a seletividade da reação, proporcionando rendimentos elevados e melhora ou facilita o processo de separação dos diversos componentes do sistema.

 

Em condições de temperatura e pressão elevadas, que superam as propriedades críticas da mistura, ou seja, condições supercríticas de sistema, a reação de transesterificação pode prescindir do uso de catalisadores. Nessas condições, o rendimento e a velocidade da reação são elevados e as etapas de purificação dos produtos são simplificadas. Estas etapas seriam basicamente a separação da fase biodiesel da fase glicerina através de decantação e remoção do excedente de álcool utilizado.

 

Um mecanismo proposto para a reação é o ataque inicial da hidroxila do álcool (etanol ou metanol) diretamente à carbonila do triglicerídeo, diglicerídeo ou monoglicerídeo do ácido graxo, como resultado da elevada pressão do sistema e baseado no mecanismo de hidrólise do éster.

 

No entanto, diversos aspectos devem ser considerados para que a produção de biodiesel venha a ser realizada, em escala comercial, em condições supercríticas. Em função das altas temperaturas e pressões exigidas nessas condições de processo, o equipamento necessário para a produção de biodiesel em escala comercial seria de elevado custo. Além do grande desafio da construção de reatores de custos moderados, a proposta de produção comercial de biodiesel por rota supercrítica deve minimizar a demanda energética do processo e diminuir a razão molar álcool/óleo para que se torne economicamente viável. Ao mesmo tempo, faz-se necessário realizar o balanço energético completo dessa nova rota de produção de biodiesel, para estabelecer em que situações ela poderia ser mais vantajosa do que a rota convencional.

FoNte: ANP

terça-feira, 19 de abril de 2011

DESAFIOS E MUDANÇAS ESTÃO A CAMINHO PARA O MDL

O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo provavelmente terá um papel no período pós-2012, porém seu escopo deve ser reduzido e outras abordagens devem trazer oportunidades para o fortalecimento de uma economia de baixo carbono.

 

Que muita coisa vai mudar no cenário internacional de créditos de carbono para projetos em países em desenvolvimento após 2012, com o término do período de compromisso do Protocolo de Kyoto e mudanças na aceitação dos créditos sob o esquema europeu de comércio de emissões (EU ETS), ninguém tem dúvida.

 

Porém, existem algumas certezas, sendo que a principal delas diz respeito aos tipos de projetos sob o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo que não serão mais elegíveis durante a terceira fase do EU ETS, como os que envolvem os gases industriais HFC-23 e N2O de ácido adípico. Além disso, algumas restrições podem ser aplicadas de acordo com o país anfitrião do projeto.

 

Se um novo acordo internacional pós-2012 não for alcançado, apenas projetos de MDL registrados antes de 2013, implementados em países menos desenvolvidos ou nos países que tiverem acordo bilateral com a União Europeia (UE), devem ser elegíveis após 2013 no EU ETS, explicou o gerente regional da empresa First Climate, Joachim Sell, durante o evento Carbon Market Americas.

 

Sell acredita que as restrições devem segurar os preços das Reduções Certificadas de Emissões (RCEs) mais altos por algum tempo, até que o limite de importação de RCEs para o EU ETS seja saturado e haja um excesso delas.

 

Muito se fala que desenvolvedores de projetos sob o MDL estão em uma corrida contra o tempo para registrar suas empreitadas antes do término de 2012, temendo uma restrição muito grande na elegibilidade dos projetos. Como o período de registro dos projetos sob o mecanismo é de cerca de um ano e meio, a janela de tempo é curta.

 

Um problema sério levantado pelos desenvolvedores se refere aos contratos para a venda de créditos de carbono pós-2012. Eles alegam que alguns compradores exigem cláusulas de elegibilidade, não se responsabilizando se determinados projetos não forem mais aceitos sob o MDL. Isto estaria inviabilizando a elaboração de muitas iniciativas que gerariam créditos a partir de 2013.

Compradores como a Gazprom, empresa russa que é a maior exportadora de gás natural do mundo, alegam que os contratos pós-2012 têm cláusulas de elegibilidade, porém determinam um preço fixo pago, mesmo se o projeto não for mais elegível. Este valor é definido dependendo do projeto e seu risco inerente.

 

Philip Hauser, vice-presidente de mercados de carbono na América Latina da GDF Suez, comentou que, em um caso similar, a empresa tem como piso € 8/tonelada de CO2e.

 

Preferência dos compradores

Quem busca créditos MDL atualmente tem uma série de preocupações relacionadas a todo este panorama de incertezas pós-2012.

 

Núbia Perez, originadora de projetos de energias limpas da Gazprom comentou que o volume de RCEs geradas por um projeto é um critério muito importante.

 

Ela argumenta que o fechamento de um contrato, chamado ERPA (Emissions Reduction Purchase Agreenment), é extremamente demorado, portanto quanto maior o volume de RCEs, melhor.

 

A data (ou expectativa) de registro, tipo e país dos projetos, aumento, ou não, da meta de redução das emissões da UE, destino da energia nuclear, recuperação econômica, meta de eficiência energética da UE, demanda japonesa e o tipo de mecanismo a ser adotado a partir de 2013 são elementos fundamentais considerados pelos compradores que têm metas compulsórias a cumprir, segundo Francisco Grajales Craviotto, gerente regional da companhia holandesa Vattelfall Energy Trading.

 

Tudo se resume à quantidade de risco embutida em um projeto, seja referente a sua elegibilidade pós-2012 por tipo de projeto ou país anfitrião, ou ainda às inúmeras questões de demanda em nível internacional, que pode aumentar ou diminuir, dependendo das políticas de países como o Japão, Estados Unidos e Austrália.

 

O cenário mais provável para a União Europeia é uma meta de 25% de redução das emissões, o que resultaria em uma demanda de três gigatoneladas em créditos de compensação (RCEs e ERUs) até 2020 versus a oferta de 2,8 Gt, segundo estimativas da Point Carbon.

A consultoria prevê preços em média 25% menores do que os valores das EUAs, com as RCEs secundárias podendo alcançar € 20 em 2014 e € 25 em 2020.

 

Bola de cristal

A impressão geral é que é difícil prever o que acontecerá com o MDL após 2012. Entretanto, projetos de sucesso envolvendo uma economia mais limpa em países em desenvolvimento devem ter um cenário favorável depois de 2012, mesmo com a restrição do MDL.

Nelson Sam, diretor global de serviços de consultoria da Point Carbon acredita que o futuro do MDL envolve projetos de eficiência energética, renováveis e resíduos.

"Temos que aprender com o MDL, mas precisamos de algo novo", disse Philip Hauser da GDF Suez durante o Carbon Market Americas, evento realizado em São Paulo, entre 4 e 7 de abril.

"O MDL levantou muito interesse, as pessoas olharam para projetos que nunca considerariam, além de atrair as empresas para tentar e criar infraestrutura, o que torna difícil é o enorme risco regulatório", completou Hauser.

Dentre os mecanismos que devem trabalhar em conjunto com o MDL, suprindo a demanda por investimentos nos países em desenvolvimento, estão dois importantes caminhos em discussão no âmbito internacional: a abordagem setorial e a implementação das NAMAs.

A abordagem setorial, que evoluiu nas negociações para fazer parte do debate mais amplo das NAMAs, estabeleceria linhas de base padronizadas para as emissões de gases de efeito estufa (GEEs) por setores econômicos, como a aviação internacional ou o transporte marítimo.

As NAMAs, na sigla em inglês, são as Ações Nacionais de Mitigação Apropriadas às realidades Nacionais. Definidas no parágrafo 1(b) (ii) do Plano de Ação de Bali, são um conjunto de medidas de caráter político, regulatório ou financeiro que devem ser definidas por países em desenvolvimento com o objetivo de mitigar as mudanças climáticas de maneira consistente com as circunstâncias nacionais e com as responsabilidades históricas. Elas devem ser mensuráveis, reportáveis e verificáveis por outros países.

Existem três tipos de NAMAs em discussão, unilateral (ações dos próprios países em desenvolvimento), com auxílio dos países do Anexo I, e uma abordagem setorial que geraria créditos. As duas primeiras visam ao corte de emissões de modo que não possam ser utilizadas na forma de compensação de carbono por países do Anexo I (do Protocolo de Kyoto), como ocorre atualmente com o MDL, onde os créditos de emissão podem ser comercializados no mercado.

Entre os diversos tipos de ações apoiadas pelas NAMAs está o desenvolvimento de pesquisas e projetos-piloto, a definição, implantação e imposição de regulamentações, capacitação, incentivos financeiros e campanhas de conscientização.

As NAMAs diretamente apoiadas por países desenvolvidos devem ter um papel significativo tanto dentro quanto fora do processo da ONU, evoluindo no futuro para NAMAs com mecanismos de creditação na opinião de Nelson Sam.

A creditação setorial provavelmente terá um papel mais significativo em ações bilaterais, não tanto dentro do processo da ONU devido à demanda limitada e às complexidades na implantação, acredita Sam.

"A mensagem constante é que seja criado um quadro regulatório local", explica Sam, onde as empresas trabalhem em conjunto com o governo, definindo a melhor abordagem para avançar e preencher o buraco de recursos financeiros.

O próximo passo "é iniciar pilotos bilaterais fast track de novos tipos de ações, apoio, mensuração, relato e verificação para auxiliar as negociações internacionais", completou.

No momento, não existem NAMAs estabelecidas para tomar como foco e as oportunidades para o setor privado surgem com a identificação das necessidades individuais de cada esquema novo emergente. No caso das NAMAs do México, se percebeu um déficit financeiro e tecnológico que então pôde ser atendido pela iniciativa privada, comentou Sam.

As NAMAs mexicanas focam muito em programas de eficiência energética nas residências para controlar as emissões face a uma população crescente, explicou ele.

Em dezembro de 2009, o governo brasileiro lançou uma comunicação referente às suas NAMAs voluntárias sob a Convenção do Clima, estabelecendo uma meta de redução das emissões de GEEs entre 36,1% e 38,9% em comparação com as projeções para 2020.

As NAMAs brasileiras que determinam a meta de emissões são do tipo unilaterais, porém parte da sua estratégia também está condicionada ao apoio de países do Anexo I.

Para garantir a mitigação efetiva das emissões de GEEs, Philip Hauser sugere que seja garantida uma interação harmônica entre as NAMAs e um MDL expandido e revisado. Isto poderia oferecer incentivos imediatos, recuperar a credibilidade e eficiência do MDL e construir a confiança e experiência em relação aos mecanismos de mercado.

Fonte:Instituto Carbono Brasil - por Fernanda B. Muller(*)

 

segunda-feira, 18 de abril de 2011

NOTICIAS MDL SUSTENTAVEL

Fundo do Clima: recursos definidos

 

As cláusulas do contrato firmado entre o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)  e o Ministério do Meio Ambiente, para operar linhas de crédito do Fundo Nacional sobre Mudança do Clima (FNMC), deverão estar prontas em cerca de dois meses. Nas últimas semanas, técnicos do MMA e do BNDES estiveram reunidos para debater os detalhes da aplicação de R$ 233,7 milhões previstos no orçamento da União, que beneficiarão projetos para economia de baixo carbono no país.

Fonte: Ambiente & Energia

 

Em Minas Gerais, a Fundação Estadual do Meio Ambiente –FEAM disponibilizou para consulta pública o Plano Estadual de Coleta Seletiva –PECS.

 

O Plano define diretrizes, instrumentos e critérios a serem observados no gerenciamento de resíduos, com o objetivo de promover a ampliação da cobertura dos serviços de coleta seletiva, a redução das desigualdades regionais e o fortalecimento dos instrumentos determinados pela legislação estadual de reciclagem e resíduos sólidos urbanos. Sugestões e comentários podem ser encaminhados à FEAM, até 30.04.2011, no seguinte email: pecs@meioambiente.mg.gov.br.

Fonte: PECS

 

Criado Fundo de Defesa dos Direitos Difusos  FDD

 

Resolução n.o 27 do Conselho Federal Gestor do Fundo de Defesa de Direitos Difusos CFDD, que dispõe sobre os requisitos para projetos especiais relacionados às mudanças climáticas, que tenham por objetivo a redução de emissões de gases de efeito estufa, a adaptação e a mitigação aos efeitos do aquecimento global, para que sejam elegíveis ao recebimento de apoio financeiro do Fundo de Defesa de Direitos Difusos – FDD.

Conforme o disposto na Resolução, os projetos deverão dar ênfase na elaboração de diagnósticos socioambientais, estratégias de adaptação, de mitigação, de controle de vulnerabilidades e educação ambiental. Também farão jus a recursos do FDD aqueles projetos relacionados com políticas públicas de redução do desmatamento, agricultura familiar de baixo carbono, regularização ambiental de propriedades rurais, resíduos sólidos, MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo) e REDD (redução de emissões por degradação e desmatamento).

 

Sequestro de carbono em destaque

 

Matriz Limpa - A 10ª edição da Revista Brasileira de Bioenergia, publicada Centro Nacional de Referência em Biomassa Cenbio), coloca em debate o uso da tecnologia de captura e sequestro de carbono (CCS) como solução para reduzir emissão de gases de efeito estufa. O CCS, que consiste na captura e estocamento de dióxido de carbono no subsolo posteriormente lacrado para que o gás não vaze para a atmosfera, pode trazer uma grande contribuição para a redução de GEE.

Além de figurar na reportagem de capa, o tema também é analisado na entrevista com o geólogo João Marcelo Ketzer, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). A reportagem principal mostra que o CCS não é tratado como a solução definitiva para esse problema. Apesar disso, as energias renováveis não serão capazes de mitigar todo o carbono emitido sozinhas. Nesse sentido, todos os métodos complementares de mitigação se fazem necessários, de acordo com a revista.

Na sua entrevista, o geólogo informa que o governo federal já iniciou um projeto para estudar e prospectar o aproveitamento do dióxido de carbono proveniente da produção de etanol, o que pode permitir geração e venda de créditos de carbono.

 

Cientistas querem monitoramento das emissões

 

Um sistema melhor de monitoramento para gases do efeito estufa (GEEs) é necessário para prevenir as mudanças significativas e manter honestos os países que concordaram em cortar suas emissões, afirmam cientistas em documentos publicados na última semana. “O que nós esperamos fazer é ver se o aquecimento está alimentando o aquecimento no Ártico”, declarou Euan Nisbet, especialista em emissões de metano da Universidade de Londres. “Nosso sistema de monitoramento é muito, muito limitado. Nós achamos que é necessário mais observação”. Tal medida poderia prevenir possíveis pontos de ruptura, apontaram os cientistas em relatórios publicados pela Academia Britânica de Ciência, a Royal Society.

 

Fonte: Redação TN / Gerard Wynn, Reuters

 

MMA e BNDES acertam detalhes de aplicação de recursos do Fundo Clima

As cláusulas do contrato firmado entre o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e o Ministério do Meio Ambiente, para operar linhas de crédito do Fundo Nacional sobre Mudança do Clima (FNMC), deverão estar prontas em cerca de dois meses. Nas últimas semanas, técnicos do MMA e do BNDES estiveram reunidos para debater os detalhes da aplicação de R$ 233.727.463,00 previstos no orçamento da União, que beneficiarão projetos para economia de baixo carbono no País. (Ministério do Meio Ambiente)

Fonte:

sábado, 16 de abril de 2011

EMPRESÁRIOS CONHECEM NOVA TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO DE BIOCOMBUSTÍVEL

A Secretaria da Indústria e Comércio promoveu nesta tarde uma palestra sobre biocombustível produzido através da criação de algas, alimentadas com CO2 liberado, principalmente, das fábricas de etanol. O superintendente do Produzir, Júlio Pascoal, participou do evento e falou de como o Governo do Estado pode incentivar a aplicação da nova tecnologia em Goiás. “Nós temos o Produzir e os benefícios fiscais. Goiás se torna muito competitivo porque ele cruza benefícios com incentivos, o que reduz a carga tributária”, ressalta Pascoal.

O engenheiro Rafael Bianchini, sócio da Private Equity Group – Climate Consulting, que representa a empresa austríaca SEE-O-TWO e da norte-americana La Wahie Cooperation, (produtoras de biodiesel através da criação de algas) falou das vantagens de produção de biocombustível utilizando a nova tecnologia em Goiás. “O objetivo é apresentar a tecnologia e atrair o interesse dos usineiros e dos industriários de Goiás para implantar diversas fábricas através da reciclagem do CO2 para produzir biodiesel e etanol”, destaca Bianchini.

A criação de algas é viável para a produção de biocombustível e ainda para a produção de ração animal (peixes), fármacos, óleos, cosméticos e uso bioquímico. Rafael Bianchini garantiu ainda que a nova tecnologia é perfeitamente adaptada ao clima goiano e competitiva em relação aos biocombustíveis já utilizados no Brasil. Mais informações: (62) 3201-5514

MÉTODO ALTERNATIVO USA VINHAÇA PARA DEGRADAR POLUENTES

O laboratório de Ecologia Aplicada do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena), da USP em Piracicaba, estuda a produção de enzimas na vinhaça para clarear efluentes provenientes da indústria têxtil. A degradação de produtos químicos que poluem a água por intermédio do metabolismo de organismos vivos já é uma tecnologia conhecida. O estudo do Cena testa a utilização da vinhaça, resíduo da produção de álcool de cana-de-açúcar. O processo é baseado no método de reciclagem de materiais orgânicos contidos na vinhaça, os quais são transformados em enzimas e biomassa (testada para produção de ração animal). As enzimas, produzidas pelos fungos crescidos no restilo, agem de forma a eliminar diversas substâncias poluentes contidas nos efluentes têxteis.

 

As enzimas são um tipo especial de proteína que aceleram as reações químicas. Além de serem encontradas em todos os organismos vivos, são totalmente biodegradáveis, o que confere ao seu uso uma produção segura e ambientalmente correta. “As enzimas podem substituir muitos produtos nocivos ou perigosos, uma vez que são decorrentes de uma tecnologia limpa”, afirma o engenheiro ambiental e mestrando Gleason de Souza, bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).

 

A pesquisa no Cena utiliza a vinhaça, subproduto resultante da produção de álcool de cana-de-açúcar, para produzir enzimas que estão sendo aplicadas na degradação do corante índigo (o mais utilizado na indústria têxtil). Outra vantagem é que esse procedimento resulta no clareamento e na diminuição do odor do restilo.

 

Tratamento

 

“Nosso principal objetivo é um tratamento alternativo para a vinhaça, tornando-a água de reuso”, informa a professora Regina Teresa Rosim Monteiro, orientadora do estudo. Entretanto, o projeto de pesquisa possui uma segunda vertente. “Essa vinhaça transformada é rica em enzimas que podem ser aproveitadas para a pronta degradação de efluentes da indústria têxtil”, acrescenta.

 

As pesquisas são promissoras e vêm mostrando que a matéria-prima extraída da vinhaça pelo desenvolvimento de fungos, quando combinada com resíduos têxteis, é capaz de descolorir e retirar as substâncias tóxicas desse tipo de efluente. “A eficiência dessas enzimas foi testada na descoloração e degradação do índigo com resultados promissores”, enfatiza Regina ao lembrar que esse corante, apesar de ser muito utilizado pela indústria têxtil, é difícil de ser tratado, estando presente em efluentes e lodo.

 

Segundo a professora, sistemas de tratamento de efluentes mal desenvolvidos, que não diminuem os excessos de resíduos, trazem sérios riscos à saúde humana e ao ambiente. “No laboratório de Ecologia Aplicada do Cena, trabalhamos em busca de processo de degradação da matéria orgânica, como a despoluição da água, por meio de processos biológicos”.

 

Há um ano em experiência, o desenvolvimento dessa pesquisa atestou a eficiência dos fungos como degrada dores de compostos poluentes para tratamento de resíduos químicos. “Na presença de efluentes têxteis, as linhagens dos fungos Pleurotus mostraram-se capazes de descolorir e destoxicar. Uma vez dominada essa técnica, as enzimas podem substituir muitos produtos químicos nocivos ou perigosos, permitindo uma produção segura e ambientalmente correta, decorrente de uma ‘tecnologia limpa’”, conclui a professora.

 

Fonte: Data: Redação TN / Agência USP - 15/04/2011 11:16

quarta-feira, 13 de abril de 2011

EIKE BATISTA LANÇA BOLSA DE ENERGIA E FUTUROS NO BRASIL

As tentativas foram tantas, e todas frustradas, que parecia improvável que uma bolsa de valores para a comercialização de contratos de energia fosse lançada no Brasil tão cedo. Mas nada tão improvável poderia resistir a uma parceria inusitada entre os empresários Eike Batista, Josué Gomes da Silva, da Coteminas, Roberto Teixeira da Costa e Marcelo Parodi, da Compass Comercializadora de Energia. Todos eles, junto com a Intercontinental Exchange (ICE), anunciam amanhã a criação da BRIX, a bolsa brasileira de energia e futuros.

 

As empresas tentaram tratar do assunto com toda confidencialidade e criaram um suspense ao dizer tão somente, em seu convite para imprensa, que iriam anunciar um novo negócio que traria contribuição para o setor de infraestrutura no Brasil. Mas os pedidos de registros de marcas no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI), nas classes de serviços financeiros, não deixam dúvidas. Dois nomes foram registrados pela Compass, já em setembro do ano passado. Um deles é BRIX Energia e Futuros e o outro BRIX Brasil Intercontinental Exchange.

 

Será sobre a plataforma eletrônica da bolsa global ICE que nascerá a bolsa brasileira de energia. A ICE opera com commodities e nos mercados de derivativos de energia. Já está presente no Brasil desde 2009, com a instalação de telas de acesso a seu sistema de negociação via unidade americana. No início do ano, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) autorizou a instalação de telas da ICE Futures Europa no Brasil.

 

Inicialmente, a ideia é negociar apenas contratos bilaterais e de curto prazo, os Brixs Spot. Isso imediatamente traria ao mercado de energia um patamar médio de ágio dos preços da energia em relação à Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

 

Se comparado ao mercado financeiro, seria uma espécie de balcão organizado dos diversos leilões que já acontecem e envolvem geradores, comercializadores e consumidores livres de energia. Esses pequenos leilões servem para suprir consumidores que estão sem lastro na CCEE, que faz a liquidação financeira do consumo de energia do país.

 

Na segunda fase do projeto da BRIX ainda haveria contratos bilaterais, mas de mais longo prazo. A terceira fase partiria para a negociação multilateral em si, como acontecem em contratos de mercados futuros tradicionais. Com o desenvolvimento de mercado, o objetivo ainda é criar uma clearing, que serviria para garantir os negócios.

 

O nascimento e todo o planejamento que circunda a bolsa de energia e futuros é parecido com o caminho que foi percorrido pela BM&F com seus contratos de juros, dólar e commodities em geral. A própria BM&F chegou a ser procurada por agentes do setor elétrico para tentar criar um contrato de energia futuro, mas as negociações não evoluíram. A Brix ocupará um espaço não aproveitado pela bolsa brasileira. A CPFL, uma das maiores comercializadoras do país, já tentou reunir grandes geradores e consumidores e não teve sucesso.

 

A bolsa de futuros de Eike, que tem em seu "portfólio X" uma empresa de energia, tem um grande desafio pela frente para tornar o negócio viável. A começar pela resistência das comercializadoras de energia que fazem a intermediação de negócios entre consumidores livres e geradores. Hoje esse mercado não tem liquidez nem transparência. Pouco se sabe sobre os valores dos contratos de energia fechados bilateralmente. Alguns chegam a dizer que se faz uma verdadeira "lavagem de energia" em alguns casos, principalmente em estatais. A bolsa traria mais transparência e também referência de preço.

 

Os preços do mercado livre estão muito ligados ao chamado Preço da Liquidação das Diferenças (PLD), usado pela CCEE ao fazer a liquidação financeira do consumo de energia. Mas esse PLD tem grande oscilação. Chegou a cotar o MWh em R$ 200, no segundo semestre do ano passado, em função da escassez das chuvas. Nesta semana, o MWh está a R$ 12,98. O PLD também está muito atrelado a decisões de governo, como a de retirar ou não térmicas ou hidrelétricas atrasadas do planejamento.

 

Fonte: Redação TN / Valor Online Data: 13/04/2011 11:09

terça-feira, 12 de abril de 2011

UNIÃO EUROPÉIA QUER PARTICIPAÇÃO DA INICIATIVA PRIVADA

Temendo futuros cortes nos orçamentos nacionais, principalmente nos Estados Unidos, a União Européia recomendou nesta semana que a iniciativa privada providencie boa parte dos US$ 100 bilhões por ano em ajuda climática prometidos na Conferência do Clima de Cancún (COP-16).

 

“Muitas economias irão passar por sérias restrições no orçamento nos próximos anos, assim ficará muito difícil levantar a quantia necessária contando apenas com recursos públicos. Precisamos de novas fontes, em especial da iniciativa privada e dos mercados de carbono”, explicou Olli Rehn, comissário europeu para Economia e Assuntos Monetários.

 

Além de estar se referindo à crise em alguns países europeus, como Portugal e Grécia, Rehn também prevê uma redução na participação dos Estados Unidos e do Japão no Fundo.

 

O presidente Barack Obama nesta semana teve que abrir mão de US$ 38,5 bilhões do orçamento para conseguir um acordo com os republicanos, caso contrário o país ficaria completamente paralisado. Já o Japão sofre com as consequências do terremoto seguido de tsunami e com a crise nuclear, dessa forma dificilmente irá contribuir para o Fundo.

 

De acordo com um relatório divulgado durante a rodada de negociações de Bangcoc, os países mais pobres e vulneráveis com certeza não conseguirão lidar com as mudanças climáticas se não contarem com o financiamento estrangeiro. A União Européia já assumiu o compromisso de entrar com US$ 30 bilhões para o Fundo Climático.

 

Fonte:  Redação TN / Fabiano Ávila, Intituto CarbonoBrasil - Data: 12/04/2011 12:49

NANOPARTÍCULAS MELHORAM EFICIÊNCIA DO BIODIESEL

O resultado se deve à elevada proporção entre superfície e volume apresentada pelas nanopartículas, cujo diâmetro médio é de 51 nanômetros.

 

Uma alternativa para aumentar o rendimento dos biocombustíveis só pode ser vista com poderosos microscópios.

 

São, nanopartículas, cujas dimensões estão na casa dos bilionésimos de metro.

 

Alumínio no biodiesel

 

Um novo estudo feito por cientistas indianos demonstrou que a adição de nanopartículas de óxido de alumínio é capaz de melhorar o rendimento e a combustão do biodiesel.

 

Outra vantagem é a menor emissão de poluentes.

 

O óxido de alumínio (Al2O3), também conhecido como alumina, é o principal componente da bauxita, o mineral do qual o alumínio é extraído.

 

De acordo com o estudo, o resultado se deve à elevada proporção entre superfície e volume apresentada pelas nanopartículas, cujo diâmetro médio é de 51 nanômetros.

 

Isso resulta em mais superfícies reativas, permitindo que as nanopartículas atuem mais eficientemente como catalisadores químicos, aumentando a combustão.

 

A presença das nanopartículas também aumenta a mistura entre combustível e ar, levando a uma queima mais eficiente.

 

Nanopartículas no biocombustível

 

Os pesquisadores do Instituto Nacional de Tecnologia de Tiruchirappalli, na Índia, usaram inicialmente um agitador mecânico para criar uma emulsão que consistia de biodiesel de pinhão-manso (Jatropha curcas), água e um surfactante, misturados com diferentes proporções de nanopartículas de óxido de alumínio.

 

Segundo os cientistas, além de melhorar o rendimento em comparação com o biodiesel comum, a mistura resultou na emissão de quantidades significativamente menores de óxido de nitrogênio e de monóxido de carbono.

 

Os pesquisadores indianos agora estão testando outros tipos de nanopartículas e nanotubos de carbono, além de investigar os efeitos dos aditivos microscópicos na lubrificação e nos sistemas de resfriamento dos motores.

 

Bibliografia - ARTIGO: Role of nano-additive blended biodiesel emulsion fuel on the working characteristics of a diesel engine

J. Sadhik Basha, R. B. Anand

Journal of Renewable and Sustainable Energy

4 April 2011

Vol.: 3, 023106 (2011)

DOI: 10.1063/1.3575169

 

Fonte:  Site inovação tecnologica (http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=nanoparticulas-eficiencia-biodiesel&id=010115110411&ebol=sim )

terça-feira, 5 de abril de 2011

NOTICIAS MDL SUSTENTAVEL

Negociações em Bangcoc começam em tom de urgência

Preocupação com o Japão e com o futuro da energia nuclear já se faz sentir na rodada climática da ONU, que teve início nesta segunda-feira com o apelo da presidente do UNFCCC de que está na hora de implementar as ações prometidas em Cancún
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Projeto de REDD beneficiará mil famílias na Colômbia

Iniciativa de conservação florestal na comunidade de Acandi busca certificação internacional no mecanismo de Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação e deve promover o desenvolvimento sustentável da região
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ONU retoma negociações climáticas na próxima semana

Bangcoc receberá ministros e representantes de 200 países a partir desta segunda-feira para a primeira rodada do clima de 2011 e todos se perguntam se o desastre nuclear pode fazer com que o Japão altere sua postura com relação ao Protocolo de Quioto
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Obama anuncia política de apoio às energias renováveis

Presidente norte-americano quer reduzir em um terço a importação de petróleo nos próximos dez anos através de incentivos para a exploração de gás natural, desenvolvimento de fontes limpas e programas de eficiência energética
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Cidades não estão prontas para as mudanças climáticas

ONU alerta que o atu al modelo de urbanização está em rota de colisão com o clima e que se os governos não agirem rapidamente o aquecimento global poderá fazer com que 200 milhões de pessoas fiquem desabrigadas até 2050
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Fonte: Carbono Brasil

SP PODERÁ DOBRAR, ATÉ 2020, EMISSÕES DE GÁS CARBÔNICO

O governo do Estado de São Paulo apresentou ontem, na primeira reunião do Conselho Estadual de Energia, as perspectivas da matriz energética do Estado até 2035. Um dado foi considerado alarmante pelo próprio governo: a expectativa é que as emissões de gás carbônico quase dobrem em 2020, comparado às emissões registradas em 2005. Isso fere diretamente a Política Estadual de Mudanças Climáticas, estabelecida por meio de decreto há seis anos, e que exige uma redução global de 20% das emissões de CO2 até 2020.

O secretário de Energia do Estado, José Aníbal, que assumiu a pasta em janeiro deste ano, diz que será grande o desafio do governo para criar condições de reduções. Segundo Aníbal, várias alternativas estão sendo estudadas, desde a troca de combustível dos ônibus que circulam nas cidades até o incentivo fiscal para produção de energia de biomassa, passando ainda por uma política de reciclagem de resíduos sólidos e incentivos a aterros sanitários, que usem o lixo para produzir energia.

Além disso, discutirá com as distribuidoras de energia como ter programas efetivos de eficiência energética. Mas todas essas medidas estão ainda em fase de estudos. "Teremos que estabelecer metas para períodos mais curtos e assim viabilizar a redução prevista na legislação", disse Aníbal.

O estudo da matriz energética foi feita pela consultoria Andrade & Canellas junto com a equipe anterior do governo estadual, quando José Serra (PSDB) era governador. Apesar do cenário traçado, em que as emissões aumentam significativamente, o estudo mostra entretanto que crescem em menor proporção do que a economia, o que já é considerado um alento.

A equipe econômica do governo está estudando um diferimento de ICMS para as usinas de açúcar e álcool e de geração de energia a partir do bagaço da cana, segundo o secretário. Mas o maior entrave está no setor de transporte, o maior emissor de gás carbônico.

A solução proposta no relatório da matriz energética é que se acelere o processo de substituição do transporte de cargas por meio rodoviário para o ferroviário. Outra proposta é que se incentive o uso de transporte coletivo. De acordo com o relatório, a frota de automóveis, que era de 7 milhões em 2005, atingirá 17 milhões em 2035.

O outro desafio do governo será ampliar a produção de energia elétrica no Estado. Pelos estudos apresentados ontem, São Paulo crescerá em média 3,5% ao ano e a demanda de eletricidade crescerá em média 1,8% ao ano. Mas a oferta aumentará apenas 1,3%, o que significa que o Estado terá que importar energia.

Apesar de o sistema elétrico ser interligado nacionalmente, e por isso não haver compra direta de energia de um ou outro Estado, todos os governos estaduais têm objetivo de produzir energia suficiente em seus Estados.

O governo de São Paulo está propondo descentralizar as decisões do setor elétrico e dar mais poder as agências estaduais. Para isso, Aníbal está empenhado em mobilizar deputados federais e senadores para que se façam estudos que possam levar os Estados a ter mais poder nas decisões energéticas.

Fonte: Valor Econômico - 31/03/2011 - Josette Goulart | De SP

segunda-feira, 4 de abril de 2011

POTENCIAL DA CANA FOMENTA A CIÊNCIA

Piracicaba, Brasil, 4/4/2011 – Após quase cinco séculos sendo utilizada apenas para produção de açúcar e alguns produtos menores, como aguardente, álcool e melaço, a cana-de-açúcar passou a ser, no Brasil, fonte de infindáveis derivados e objeto de múltiplas pesquisas científicas e tecnológicas. O etanol cresceu como outro produto principal nas três últimas décadas, dividindo com o açúcar a sacarose extraída nas moendas. E agora são os dejetos, como bagaço, palha e vinhoto, que ganham protagonismo.

O vinhoto, efluente da destilação do etanol, alimentará as algas microscópicas que produzirão biodiesel dentro de alguns anos, segundo um projeto do Centro de Ciências Agrárias (CCA) da Universidade Federal de São Carlos, localizado em Araras, a 170 quilômetros da cidade de São Paulo. Seus muitos nutrientes acelerarão a proliferação das algas que são ricas em ácidos graxos para elaborar biocombustíveis.

Além disso, serão produzidos fertilizantes, já que “as algas sequestram 64% do potássio presente no vinhoto”, explicou à IPS o chefe do Departamento de Tecnologia Agroindustrial do CCA, Octavio Valsechi. Outra vantagem é evitar a monocultura de oleaginosas em grandes extensões de terra. A dúvida é se seu custo não será superior ao do biodiesel feito a partir de óleos vegetais.

O bagaço é cada dia melhor aproveitado para geração de eletricidade nas mesmas centrais açucareiras. Um Centro de Gaseificação de biomassa, a ser construído nos próximos três anos em Piracicaba, a 160 quilômetros de São Paulo, apresenta perspectivas mais promissoras.

Trata-se de uma usina-piloto para produzir gás de síntese, que pode triplicar a eletricidade gerada pelo bagaço, além de se converter em combustível líquido ou precursor de plásticos, segundo o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), do governo do Estado de São Paulo, que projetou o plano e associou-se a várias entidades públicas e privadas para viabilizá-lo. No mundo já se gaseifica carvão, mas a tecnologia para biomassa só agora será testada em escala industrial.

O potencial elétrico do bagaço ao utilizar a tecnologia atual, de queima direta nas caldeiras, equivale a “uma Itaipu”, em referência ao gigantesco complexo hidrelétrico compartilhado por Brasil e Paraguai com capacidade de 14 mil megawatts, segundo a União da Indústria da Cana-de-Açúcar, que reúne as maiores empresas do setor. Mesmo nesse método tradicional, “estamos perdendo a metade do potencial energético da cana”, porque o bagaço é queimado com muita umidade, lamentou Octavio.

A crescente mecanização da colheita, que será total a partir de 2014 no Estado de São Paulo, com 60% da produção nacional, permite que a palha da cana deixe de ser queimada. Mas, ainda se estuda a melhor maneira de recolhê-la no campo. “De cada cana pode-se retirar tudo o que o petróleo produz”, assegurou à IPS Tadeu Andrade, diretor do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), criado em 1969 pela Copersucar, uma cooperativa de centrais açucareiras paulistas que se expandiu para outros Estados.

É o mais próximo do “moto contínuo (máquina de movimento perpétuo), porque se realimenta”, gerando fertilizantes e a energia para seu próprio cultivo e processamento, além de produzir mais biomassas do que outros grandes cultivos, como milho ou soja, acrescentou. Seu vinhoto, rico em potássio, aduba sua replantação, bem como os resíduos que ficam nos filtros da indústria e a palha deixada no solo, afirmou, reconhecendo que é necessária uma complementação com fertilizantes químicos.

O caldo de cana, antes de ser transformado em açúcar ou etanol, é um substrato que pode ser usado para multiplicar microorganismos que servem a inúmeros produtos, desde polímeros que regeneram ossos, a alimentos, medicamentos e cosméticos variados, além de plasma sanguíneo, disse Octavio, após lamentar a escassez de pesquisadores para a enorme demanda canavieira. O caminho para a energia do hidrogênio pode também estar na cana, afirmou.

A “alcoolquímicia” já avançou muito no Brasil e uma grande indústria petroquímica produz os plásticos denominados “verdes”, por serem biodegradáveis. A cana também permite fazer um tipo de combustível de aviação. A Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer), uma das grandes fabricantes de aviões pequenos e médios de passageiros e outros de uso militar, anunciou para 2012 um voo de teste com um aparelho que utiliza bioquerosene.

 

Essa diversificação dos produtos da cana, impulsionando o conhecimento científico de suas potencialidades, tem origem no Programa Nacional do Álcool (Pró-Álcool), iniciado em 1975 para substituir a gasolina e reduzir a importação de petróleo, cujo preço havia quadruplicado em 1973. Desde então, a colheita brasileira de cana aumentou sete vezes, mitigando a pressão petroleira, mas gerando outros problemas que exigem solução.

O vinhoto, por exemplo, foi um desastre ambiental no começo do Pró-Álcool. Derramado nos rios, matou milhões de peixes na década de 1980 ao retirar-lhes oxigênio. A ameaça diminuiu quando começou a ser usado como fertilizante, ao se descobrir que contém muito potássio.

 

A produção de etanol de cana continua sendo proibida em muitos países latino-americanos, cujos solos já ricos em potássio e lençóis freáticos pouco profundos correm o risco de serem contaminados pela “fertirrigação”, admitiu Octavio, agrônomo especializado em cana-de-açúcar desde sua graduação em 1980. Como cada litro de etanol destilado gera dez litros de efluente, as alternativas para se livrar do vinhoto são muito caras. Por isso as algas que capturam potássio podem ser uma solução.

 

Na Argentina, com um solo com muito alumínio e clima menos favorável do que o do Brasil, é ainda mais difícil produzir etanol a partir da cana, disse Marcos Vieira, também professor do CCA que dirige a brasileira Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroalcooleiro (Ridesa), de pesquisadores financiados pelo governo nacional para melhoria genética da cana.

 

As variedades desenvolvidas pela Ridesa, identificadas pela sigla RB, cobrem hoje 60% dos canaviais do Brasil e contribuíram para elevar a produtividade em 85% por hectare, havendo casos de até 150 toneladas, disse Marcos. Há 35 anos, não se chegava a 50 toneladas por hectare, em média. A Ridesa busca “variedades ecléticas”, que se adaptam a diferentes condições de clima e solo do Brasil, mantendo boa produtividade e resistência a pragas e secas, explicou.

 

Por outro lado, o CTC, que atende prioritariamente seus associados da cooperativa, adotou uma orientação oposta, de desenvolver variedades específicas para diferentes solos e climas. “São 25 combinações edafo-climáticas”, cujos mapas ajudam os agricultores na escolha da variedade mais produtiva para sua terra, explicou Andrade.

 

Mas os avanços genéticos, que colocaram o Brasil em vantagem em relação a outros países produtores de cana, “por si só não melhoram a produção no campo”, reconheceu Tadeu. São necessárias também práticas agronômicas, que se disseminaram em muitos cursos do CTC, e ainda de mecanização. Uma regra adotada nos anos 1980, que define o preço da cana segundo seu índice de sacarose, obrigou os produtores a usar as melhores variedades de cana e técnicas de cultivo, acrescentou.

 

Foi “uma revolução”, segundo o professor universitário Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura e também vinculado ao setor. As pesquisas e o desenvolvimento de novos produtos da cana se estenderam também às grandes empresas, como a norte-americana Amyris, especializada em biotecnologia, que busca no Brasil garantir o fornecimento de cana para produzir combustíveis para aviões, lubrificantes, cosméticos e outros derivados. Envolverde/IPS

(IPS/Envolverde)

 

BIOCOMBUSTÍVEIS-BIODIESEL E BIOQUEROSENE

PARA A PUREZA DO BIODIESEL

A pesquisa em torno do biodiesel vem desde o início do século passado. De lá pra cá, foram muitos estudos para engendrar esta que é a opção de combustível biodegradável, derivado especialmente de fontes renováveis. Porém, o mercado de biodiesel começou a ser estruturado no Brasil somente em 2005, logo depois do lançamento do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel. Por esse motivo, alguns processos ainda estão em fase de adaptação e testes, seja na questão do abastecimento do veículo ou até mesmo no know-how de produção - como a utilização e o aumento da demanda dos filtros para obter o produto final puro e com qualidade.

O biodiesel substitui total ou parcialmente o óleo diesel de petróleo em motores ciclodiesel auto-motivos (caminhões, tratores, automóveis, entre outros) ou estacionários (geradores de eletricidade, calor etc.). Pode ser usado puro ou misturado ao diesel em diversas proporções. Por exemplo, se a mistura for de 2%, a solução passa a ser denominada de B2, e assim sucessivamente, até chegar ao biodiesel puro, conhecido como B100.

Segundo a ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, desde 1° de janeiro de 2008, o óleo que for comercializado nos 35 mil revendedores de combustível de todo o Brasil deve conter, obrigatoriamente, 2% de biodiesel. A nova regra foi estabelecida pela resolução n°5 do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), de 8 de outubro de 2007, com base no artigo 2°, da Lei n°11.097/2005.

Há dezenas de espécies vegetais no Brasil das quais se pode produzir o biodiesel, tais como mamona, algodão, dendê (palma), girassol, babaçu, amendoim, pinhão manso, soja, canola, nabo e forrajeiro. “Entre as gorduras animais, destacam-se o sebo bovino, o óleo de peixes e de mocotó, a banha de porco e a gordura de frango.

Os óleos e gorduras residuais, resultantes de processamento doméstico, comercial e industrial, também podem ser utilizados como matéria-prima na produção”, diz o Engenheiro Químico Max Monte Alverne Maia Neto, Consultor em Biocombustíveis e Oleoquímica e Coordenador do Grupo de Trabalho sobre Biocombustíveis na UNISANTA, em Santos.

Algumas das possíveis fontes de óleos e gorduras residuais são lanchonetes e cozinhas industriais (onde há a fritura de produtos alimentícios), esgotos municipais (onde a nata sobrenadante é rica em matéria graxa) e nas águas residuais de processos de indústrias alimentícias. Tudo isso é reciclagem. Na Grande São Paulo, já há diversas campanhas para arrecadação desses tipos de óleos e gorduras, além de empresas como a Bioauto SP, do Grupo CIE Automotive, que coletam e reciclam o óleo de fritura, ajudando na prevenção do que pode vir a ser um grande problema ambiental, já que 1 litro de óleo de fritura pode contaminar até 1 milhão de litros de água. Com a norma do B2, a expectativa é que, segundo a associação, reduza-se a dependência externa do diesel de 7% para 5%, ou uma economia de US$ 410 milhões em divisas na balança comercial. Nos primeiros 6 meses de 2008, a produção foi de mais de 500 mil m³, contra os 402 mil m³ de todo o ano anterior. Desde 2005, a utilização do biodiesel no Brasil vem crescendo vertiginosamente. E, segundo os profissionais do segmento, vamos precisar de muito mais.

PRODUÇÃO

Há basicamente três tipos de processos diferentes para a produção do biodiesel: craqueamento, esterificação e transesterificação - o mais aplicado.

A seqüência tem início com a usina de biodiesel recebendo a matéria-prima na forma bruta ou já refinada. “Na forma bruta, a matéria-prima passa por um sistema de pré-tratamento para adequação da qualidade em termos de acidez, umidade, gomas, dentre outros parâmetros, para então ser encaminhada ao sistema de transesterificação, onde o óleo vegetal ou o sebo bovino são transformados em biodiesel, através da reação catalítica com metanol. Como co-produtos, são produzidos glicerina, ácido graxo, gomas, entre outros. A separação da glicerina do biodiesel, por exemplo, é feita através de decantadores. Já a matéria-prima refinada segue direto para o sistema de transesterificação, uma vez que já está adequada para a produção do biodiesel”, esclarece o Coordenador de Gestão da Produção da Petrobras Bio-combustível, Mauro Silva.

Segundo Max, a transesterificação é o processo mais utilizado atualmente para a produção de biodiesel. “O processo consiste numa reação química dos óleos vegetais ou gorduras de animais com o álcool comum, o etanol, ou o metanol, estimulada por um catalisador, da qual também se extrai a glicerina, produto com aplicações diversas na indústria química”, explica, fazendo um comparativo entre a quantidade de matéria-prima necessária: “Para se ter uma idéia, um quilo de óleo vegetal produz cerca de um litro de biodiesel”.

PRÉ-TRATAMENTO

Os filtros são peças importantes para a retirada de resíduos diversos, tanto da matéria-prima quanto do biodiesel como produto. Para toda essa necessidade, são utilizados diversos tipos de filtros, levando sempre em consideração o tipo do processo, da matéria-prima e do produto final. A necessidade ocorre inicialmente na extração de óleos vegetais, com o filtro prensa para reter sólidos provenientes do processo de prensagem de grãos, assim como na entrada do sistema de pré-tratamento das matérias-primas brutas para retirada de sólidos em suspensão (cascas e fibras). “São utilizados filtros de placas e, como meio filtrante, a terra diatomácea e sílica. São aplicados também filtros para retirada de traços de terra diatomácea, que por ventura passem no processo”, explica Mauro.

Ocorre também no final do sistema de pré-tratamento a instalação de filtros de polimento do óleo tratado, antes de encaminhá-lo para o sistema de transesterificação. “Na etapa de preparação da matéria-prima, utiliza-se filtros pressurizados com placas verticais ou filtros de velas para retenção de sílica no processo de adsorção de sabões, metais e fosfatídeos resultantes do refino do óleo vegetal”, detalha Max. Segundo o Engenheiro Químico, algumas matérias-primas contêm ceras e outros componentes insaponificáveis, que devem ser retirados do óleo vegetal. “Para tal, utiliza-se um processo de resfriamento do óleo, cristalização das ceras e posterior filtragem em filtros resfriados pressurizados horizontais”, explica.

EXCESSO DE ÁGUA

Os óleos utilizados na base do biodiesel são higroscópicos por natureza, ou seja, facilmente absorvem e retêm umidade. Sendo assim, deve ser realizado um controle rigoroso da quantidade de água presente. A solução deste problema é bastante simples: os filtros separadores com mídia composta, tipo Hydrocarbon, têm se mostrado bastante eficientes na redução da quantidade de água aos valores estabelecidos por norma.

Por sua vez, o biodiesel é muito mais higroscópico que o próprio óleo diesel. A presença de água no combustível trará, além de perda de potência (o PCI - poder calorífico - será afetado), danos ao sistema de injeção. Sérgio Monteiro, Gerente Geral da Parker Divisão Filtração, conta que é por conta disso que o Filtro Separador de Água, já presente em todos os caminhões, passa a ter papel fundamental. “A separação da água do biodiesel, assim como no óleo diesel, ocorre por coalescência”, diz Sérgio.

REMOÇÃO DE SÓLIDOS

Na etapa de purificação dos ésteres, alguns processos utilizam a lavagem a seco, que é realizada com a adição de produtos adsorventes ao biodiesel, para remoção de contaminantes, tais como sais, metais, glicerina residual, sabões oriundos da reação do processo de transesterificação. Por sua vez, os produtos adsorventes são removidos através de filtros bolsa em pequena escala, e filtros pressurizados ou filtro de tambor rotativo a vácuo em larga escala. “Os filtros bolsa filtram os óleos vegetais, glicerina e ácidos graxos. É um processo de segurança, quase sempre fornecidos na configuração duplex.

Removem também traços de auxiliares filtrantes não retidos nos filtros de placas”, diz Maurício Biral, da Engenharia de aplicações da Tech Filter.

O Engenheiro Alex Peixoto, da Assistência Técnica da Hydac, explica que além da remoção de sólidos, há ainda a possibilidade de absorção de água livre em certos casos. “Os elementos filtrantes Hydac Betamicron® 4 são compatíveis com alguns tipos de biocombustíveis, podendo ser aplicados sem restrição e com excelente desempenho quando comparados os resultados obtidos com o volume filtrado. Eles poderiam ser utilizados em etapas de filtração mais apuradas na remoção de resíduos sólidos, ainda presentes no processo produtivo do fluido”, esclarece.

POLIMENTO E PURIFICAÇÃO

Terminado o processo de produção e purificação, o biodiesel passa pelo polimento final onde são aplicados os filtros cartucho, antes da estocagem. “Com a finalidade de polir o biodiesel, o filtro cartucho é utilizado após o filtro bolsa ou até substituindo o mesmo”, explica Maurício.

Nesta etapa, filtros coalescentes também podem ser instalados para remoção de traços de água, e filtros de placas com sílica e terra diatomácea para a purificação final do biodiesel.

o processo de recuperação e destilação da glicerina, filtros prensa e de outros tipos são aplicados para a retenção de sais e catalisador oriundos da reação de transesterificação. Após a destilação da glicerina, são utilizados filtros com carvão ativado para branqueamento final da glicerina.

Além dos filtros citados, ao longo de todo o processo são instalados filtros cesto para proteção de bombas e equipamentos. “Os filtros cesto, em tela metálica, são frequentes neste tipo de aplicação. A MAHLE está preparada para atender o mercado com filtros cesto simples e duplex, e com elementos inovadores no mercado que podem utilizar mais de uma parede filtrante e assim aumentar a vazão atendida, sem precisar aumentar o tamanho de carcaça ou até mesmo o número de filtros”, explica Cristobal Lopez Guerra, da Chefia de Engenharia de Aplicação da MAHLE Filtroil. “A empresa tem investido grandes somas na pesquisa de soluções para a separação de óleos e água, com resultados expressivos e com a expectativa de fornecer soluções inovadoras ao mercado de biocombustíveis”, conta.

Na retenção de partículas, pode-se aplicar também os filtros autolimpantes. “A cada dia nossos filtros autolimpantes, concebidos como sistemas à prova de explosão, estão conseguindo reter partículas cada vez menores e, com a vida útil elastecida dos elementos filtrantes e a confiabilidade na automação do sistema, encontrando cada vez mais espaço em diversas etapas da produção dos biocombustíveis”, diz Cristobal.

“Finalmente, no que se refere às utilidades de processos industriais, como vapor, ar comprimido, água de caldeiras, água de processo, tratamento de efluentes, nitrogênio para inertização etc, são amplamente utilizados filtros de diversos tipos como já é de conhecimento geral da área industrial”, comenta Max. Com relação ao reúso de água, os sistemas de água de resfriamento e água gelada são em circuito fechado. “O sistema de geração de vapor possui sistema de recuperação de condensado, minimizando o consumo de água”, esclarece Mauro, da Petrobras. As usinas de biodiesel têm uma Estação de Tratamento de Efluentes para as águas oleosas e demais efluentes líquidos.

TESTE DE FILTROS

Os combustíveis em geral, o biodiesel em particular, estão sujeitos à contaminação pelo meio ambiente e manuseio - durante o transporte, transbordo e estocagem -, já que a umidade presente no ar passa a ser uma séria ameaça à qualidade do biodiesel. Para evitar essa contaminação e, consequentemente, a perda de performance do motor, Sérgio Monteiro, da Parker, explica que é necessária atenção nos postos de abastecimento. “O certo seria que cada posto tivesse um filtro desumidificador, instalado no respiro do tanque. Na verdade, isso deveria acontecer em todas as bombas de combustível”.

Além disso, Sérgio comenta sobre as etapas de manuseio, que contaminam com particulado sólido. “A aplicação dos filtros separadores de água com mídia composta, tipo Hydrocarbon, também tem se mostrado bastante eficiente na redução do particulado sólido e da água, que se agregaram ao combustível nas saídas dos tanques de armazenamento, no momento em que o biodiesel é transferido do tanque da refinaria para o caminhão”, detalha. Adicionalmente, a Parker e o LADETEL, Laboratório de Desenvolvimento de Tecnologias Limpas da USP de Ribeirão Preto, firmaram acordo de cooperação, com objetivo de avaliar o desempenho dos filtros coalescentes separadores de água para os diversos tipos de biodiesel existentes no mercado.

UM NICHO QUE SÓ CRESCE

Além da diminuição da poluição atmosférica, por ser uma energia renovável, o biodiesel é considerado ótimo lubrificante, podendo inclusive aumentar a vida útil do motor, e ainda apresenta baixo risco de explosão. “O biodiesel puro diminui as emissões de monóxido de carbono (CO) em 48%; as de óxido de enxofre (SOx), causadores da chuva ácida, em 100%, e fumaça preta (material particulado que causa problemas respiratórios) em 47%. A viabilidade do uso direto foi comprovada na avaliação dos componentes do motor, que não apresentou qualquer tipo de resíduo que comprometesse o desempenho”, esclarece Max.

Com todas essas vantagens, aliadas ao conseqüente desenvolvimento agrário de quem produz as matérias-primas, o mercado de biodiesel é um grande expoente e ainda tem muito espaço para crescer – aumentando as exportações como aditivo de baixo conteúdo de enxofre e influenciando na participação de outros segmentos, como o de filtros. “Ainda estamos pesquisando sobre o mercado brasileiro e suas oportunidades, mas acreditamos que com o maior grau de automação demandada e pela necessidade de processos com menos resíduos e maior qualidade - tanto dos insumos que entram no processo, como no produto final -, encontraremos nosso espaço dentro deste mercado”, explica Cristobal, da MAHLE Filtroil.

Embora a transesterificação seja o processo mais utilizado, o Governo diz que haverá cada vez mais estímulos para o desenvolvimento tecnológico na área do biodiesel. Consequentemente, mais filtros a serem aplicados nesse processo. A maré é boa, agora é só continuar se atualizando e participar cada vez mais desse nicho que só cresce (Udop, Revista Meio Filtrante, 30/10/08)

PROPOSTA INSTITUI SISTEMA NACIONAL DE REDUÇÃO DE EMISSÕES DE CARBONO

Podem ser beneficiadas áreas em assentamentos e em terras indígenas

 

A Câmara analisa o PL 195/11, da deputada Rebecca Garcia (PP-AM), que institui o sistema nacional de redução de emissões por desmatamento e degradação, conservação, manejo florestal sustentável, manutenção e aumento dos estoques de carbono florestal (REDD+).

Na prática, o sistema REDD+ vai criar uma espécie de mercado de carbono interno, que pode gerar créditos para a obtenção de financiamentos, ou gerar certificados para serem usados na compensação de emissões de gases de efeito estufa no território nacional ou em outros países.

 

O sistema nacional REDD+ contempla:

 

- a redução das emissões de gases de efeito estufa provenientes do desmatamento e da degradação florestal;

- a manutenção e aumento dos estoques de carbono das florestas nativas;

- o manejo e o desenvolvimento florestais sustentáveis;

- a valoração de produtos e serviços ambientais relacionados ao carbono florestal; e

- o reconhecimento e a repartição dos benefícios decorrentes da implementação do sistema.

 

Áreas florestais

 

A proposta considera como possíveis beneficiadas pelas políticas, programas e projetos de REDD+, individual ou conjuntamente, áreas florestais em:

 

-  terras indígenas;

- unidades de conservação legalmente instituídas no âmbito dos sistemas nacional, estaduais ou municipais de unidades de conservação;

- áreas legitimamente ocupadas por populações tradicionais, no interior ou fora de unidades de conservação e outras áreas públicas;

- territórios quilombolas;

- assentamentos rurais da reforma agrária;

- propriedades privadas, incluindo as áreas de reserva legal, preservação permanente (APPs) e servidão florestal, previstas na Lei 4.771/65, e de servidão ambiental, de que trata a Lei 6.938/981, conforme disposto em regulamento; e - outros imóveis de domínio da União, de estados ou de municípios.

 

Financiamento

 

O sistema REDD+ poderá ser financiado por fundos nacionais como o de Mudança do Clima; o da Amazônia; o do Meio Ambiente; e de Desenvolvimento Florestal.

- Os recursos também podem ser provenientes de acordos bilaterais ou multilaterais sobre clima; acordos decorrentes de ajustes, contratos de gestão e convênios celebrados com órgãos e entidades da administração pública federal, estadual ou municipal; doações; comercialização de créditos de carbono e, ainda, verbas do Orçamento da União ou privadas.

 

Estados e municípios

 

A participação de estados e municípios no sistema é condicionada, entre outros pontos: - à existência de lei local para a redução das emissões por desmatamento e degradação florestal;

- à manutenção e ao aumento do estoque de carbono florestal;

- à implementação de políticas e medidas de controle do desmatamento e efetiva redução de emissões; e - à existência de metas de redução de desmatamento e degradação florestal compatíveis com as metas nacionais.

 

A proposta prevê, ainda, um sistema nacional de registro, de forma a evitar dupla contabilidade de reduções de emissões.

 

Respeito

 

O projeto estabelece que o sistema nacional será implementado em consonância com a Política Nacional de Mudança do Clima (Lei 12.187/09) e obedecerá a princípios como o respeito aos conhecimentos, direitos e modo de vida dos povos indígenas, populações tradicionais e agricultores familiares e à compatibilidade das ações de REDD+ com a proteção e conservação dos ecossistemas naturais, dos serviços ambientais e da diversidade biológica.

 

Segundo Rebecca Garcia, "a proposta reconhece os atores envolvidos nos programas e projetos de REDD+ e dá diretrizes para a repartição de benefícios, valorizando o papel das populações tradicionais e comunidades indígenas, entre outros, na preservação dos ecossistemas naturais".

Projeto de teor semelhante (PL 5586/09, do ex-deputado Lupércio Ramos) chegou a ser aprovado por duas comissões permanentes (Meio Ambiente e Agricultura), mas foi arquivado ao final da última legislatura.

 

Tramitação

 

A proposta tramitará em caráter conclusivo nas comissões de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

 

Íntegra da proposta:

 

Reportagem - Rachel Librelon - Edição - Newton Araújo

Fonte: 'Agência Câmara de Notícias'