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quarta-feira, 30 de maio de 2012

NEGOCIADORES EM BONN CONSEGUEM CHEGAR A UMA AGENDA E RODADA DECEPCIONA

Os resultados alcançados na última grande rodada de negociações antes da Conferência do Clima (COP-18), em Doha, no Qatar, deixam claro que será muito difícil ver progressos significativos ainda neste ano nas ações para a mitigação e adaptação às mudanças climáticas. Os representantes dos mais de 180 países reunidos em Bonn, na Alemanha, para duas semanas de conversas conseguiram apenas firmar uma agenda parcial e obter alguns avanços na transição para a próxima fase do Protocolo de Quioto, o que foi comemorado pela Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (UNFCCC) como um sucesso.

 

“Não estava fácil chegar a um consenso. Todas as partes queriam comprometimentos de um lado e de outro para seguir trabalhando. Por isso, foi um bom resultado o que alcançamos, foi uma rodada produtiva”, afirmou Christiana Figueres, secretária executiva da UNFCCC.

 

Porém, as declarações de participantes não são tão positivas e palavras como “decepcionante” e “lentidão” marcam os discursos.

 

“O mundo não pode pagar o preço do atraso causado pelos poucos que querem rediscutir o que ficou acertado em Durban (COP-17) há apenas cinco meses. É muito preocupante ver como foram lentas e exaustivas as negociações em Bonn”, afirmou Connie Hedegaard, comissária climática da União Europeia.

 

“Estamos basicamente andando em círculos. Estamos sempre atrasando as decisões. Todo ano que não fazemos nada, o custo de vidas e os prejuízos para o meio ambiente estão aumentando. É bastante decepcionante”, declarou Colin Beck, negociador chefe das Ilhas Salomão.

 

“Nenhum progresso foi feito na questão do apoio financeiro para os mais pobres e vulneráveis às mudanças climáticas. Agora é vital que no Qatar os países se comprometam a liberar entre US$ 10 bilhões a US$ 15 bilhões para o Fundo Climático Verde até 2015”, disse Celine Chaveriat, diretora de campanhas da Oxfam.

 

Uma das principais tarefas em Bonn era traçar a estrutura dos trabalhos para o tratado climático que deve estar pronto até 2015 para entrar em vigor em 2020. Esperava-se que uma agenda fosse estabelecida para os próximos três anos, mas os países conseguiram apenas chegar a um consenso para parte dela.

 

“Quando as pessoas começam a brigar sobre agendas é porque existe uma falta de confiança entre os negociadoresque aponta que em muitas áreas importantes ainda não há acordo”, acrescentou Chaveriat.

 

As negociações climáticas seguem três caminhos ou trilhos: o primeiro define as metas para as nações sob o Protocolo de Quioto; o segundo objetiva definir o que as nações fora de Quioto devem cumprir; e o terceiro diz respeito à Plataforma de Durban, que será a base do novo acordo climático.

 

Os maiores avanços em Bonn foram no trilho do Protocolo de Quioto, no qual os delegados conseguiram firmar os detalhes técnicos de como acontecerá a transição entre a atual fase e a próxima. Mas acabou ficando para Doha as decisões mais importantes, como as metas de redução de emissões e a duração do segundo período de compromissos, cinco ou oito anos.

 

Porém, mesmo essas negociações foram difíceis, uma vez que a União Europeia faz questão de que os avanços de Quioto sejam acompanhados por melhorias nas conversas sobre o futuro acordo climático. Assim, se um lado empaca, o outro trava também.

 

Acontece que toda a conversa sobre o novo tratado foi bastante difícil, em parte pela recusa do BASIC, grupo que reúne Brasil, África do Sul, Índia e China, em discutir esse tema sem antes conseguir compromissos climáticos de nações que estão fora do Protocolo de Quioto, como os Estados Unidos.

 

“Os países mais ricos estão querendo esquecer o conceito de ‘responsabilidades comuns, porém diferenciadas’, assim como tentaram simplesmente ignorar a necessidade de se debater o futuro do Protocolo de Quioto. Eles queriam tratar direto do acordo de 2020, o que não era correto”, explicou Su Wei, negociador chefe da delegação chinesa.

 

“O espírito de cooperação que vimos em Durban não apareceu em Bonn. O progresso das negociações foram constantemente travados por desafios processuais. Isto significa que conseguimos muito menos nesta rodada do que gostaríamos”, resumiu Christian Pilgaard Zinglersen, negociador dinamarquês.

*Com informações de agências internacionais. Por: Redação TN/ Fabiano Ávila, Instituto CarbonoBrasil

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